Foto: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/
JARID ARRAES
( Ceará – Brasil )
Nasceu em Juazeiro do Norte (CE), na região do Cariri, em 1991.
É escritora, cordelista, poeta e autora do premiado Redemoinho em dia quente (Companhia da Letras, 2019), vencedor do ARCA de Literatura na categoria Contos, do prêmio da Biblioteca Nacional e finalista do Jabuti. Também é autora dos livros Um buraco com meu nome (Ferina, 2018), As lendas de Dandara (De Cultura, 2015) e Heroínas Negras brasileiras em 15 cordéis (Pólen, 2017). Atualmente vive em São Paulo, onde criou o Clube da Escrita para Mulheres, e tem mais setenta título publicados em literatura de cordel.
AS 29 POETAS HOJE / organização Heloisa Buarque de Holllanda. São Paulo: Companhia das Letras, 2021. Vários autores. Capa: Tereza Bettinardi. ISBN 978-85-359-3437-3
Ex. bibl. Antonio Miranda
“São poetas mulheres de todo o país, algumas já publicadas e outras inéditas em livro. Com estilos diferentes, elas mostram a força de uma poesia questionadora, combativa, corajosa. Uma poesia que nasce de um corpo, que fala sobre o machismo, desigualdade, política e sobre o país.” [Texto de apresentação na orelha do livro.]
Recomendamos o livro, com entusiasmo. Vamos apresentar apenas algumas autoras de poemas do livro, dentre as que ainda não estão em nosso Portal de Poesia Ibero-americana que, em vinte anos de edição, já está chegando aos 10.000 autores, a caminho de 50.000 poemas, além de vídeos, fotos, biografias, etc, etc.
No caso presente, escolhemos apenas dois poemas de três autoras, de regiões do Brasil menos divulgados (!!) por questões de restrições dos direitos autorais da editora. RECOMENDAMOS aos nossos leitores que busquem o exemplar da obra nas livrarias ou pela internet. Vale a pena!!! Lembrando que já existia uma edição anterior — “26 POETAS HOJE”, da época da poesia da geração marginal, onde estão algumas das autoras desta nova edição. Livros indispensáveis para entender o nosso Brasil daquela época e dos tempos atuais!!!
mormaço
saí para a varanda
aos 24 graus
da tarde
sem blusas
viria
a primavera
as roupas leves
—mas
meu peito é pesado
e quente
dentro de mim não faz
brisa
é sempre
mormaço
vocação
um corpo que carrega
um útero
é submetido ao decreto
da incondicionalidade
é submetido ao destino
de um útero
os grandes sacerdotes
e os pequenos
as figuras de autoridade
como as telas
como os corredores brancos
todos ensinam
o percurso do útero
que haja vida
porque um útero crescido
— às vezes nem tanto
deve fazer brotar vida
pernas braços olhos
espírito
um corpo que carrega
um útero
precisa de um espírito
que o preencha
o espírito forçado entre as pernas
enfiado enfiado enfiado
obrigatório
um útero é um sarcófago
de uma mulher
é a máquina
inquebrantável
de uma mulher
uma mulher é um útero
que carrega algo
há dias em que gente
há dias em que chumbo
*
VEJA e LEIA outros poetas do CEARÁ em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/ceara/ceara.html
Página publicada em abril de 2022
|